quinta-feira, 19 de junho de 2014

A DANÇA

Uma estrada de meio metro na qual eu viajo horas e horas sem me cansar. Uma cortina de cordas, alinhadas, rígidas, como as grades de uma jaula que guarda segredos inimagináveis. Uma escada que sobre, sobe, sobre... sem sair da mesma escala. Uma ponte entre o silêncio e o gemido. Um muro entre a música e o ruido. Um corredor para o céu.

Assim é o braço do meu violão.
Nele os meus dedos dançam,
Saltam e deslizam,
alegremente ou com melancolia,
de acordo com a música que soa em meu coração

Este terceiro braço...
Torna-se parte do meu corpo,
Enquanto o próprio corpo de dissolve entre acordes,
ritmos e melodias perdidas no tempo e no espaço,
No abismo da alma;
Soando, chamando, revelando-se.

Meu braço de madeira...
Um dia foi árvore, hoje é música.
Quando madeira, ouvia silenciosamente o canto dos pássaros sem poder acompanhar.
Hoje é o arauto que dá voz aos anseios da minha alma, que nunca há de se calar


                                                    Foto: Douglas Rezende

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