domingo, 5 de setembro de 2010


Do pó da terra fui formado, e com um sopro acordei para a vida.
Meus pés se firmaram no solo e o ar entrou em meus pulmões.
Luzes, sombras, cores e sons... como orquestra encheram meus sentidos.
E numa explosão de liberdade meu coração deu a primeira batida.

Pelo jardim andei, dando bom dia a cada pássaro que me saudou.
Da árvore colhi frutos, e sob sua sombra repousei.
No rio me banhei, suas águas me cobriram, refrescaram e limparam.
E quando enfim o dia terminar ao pó retornarei, adubando a árvore que outrora me alimentou.

Pergunto eu: esta terra me pertence, ou eu é que sou dela?
As montanhas já estavam aqui quando comecei a andar.
O rio já alimentava o mar quando nele fui me saciar.
As árvores já dançavam com o vento antes que eu soubesse assoviar.

Quem sou eu na vastidão da floresta?
Quem sou eu na imensidão do mar?
Qual é o meu poder sob o calor do sol?
Qual é o meu saber sob o escuro da noite?

De modo algum estenderei cercas para nos dividir.
Não erguerei muros, pois amanhã não estarei aqui, vivo o agora.
De estrada não preciso, meus pés estão descalços.
Sob um telhado está meu abrigo, mas minha casa é do lado de fora.

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